domingo, 11 de janeiro de 2009

Tempos de Infância

Como todo mundo, me pego ás vezes revisitando meu passado e lembrando de cenas que marcaram minha vida e ajudaram a forjar o que sou hoje. Lembro-me que no início da década de 80, morava no bairro Santo Antônio e conheci um moleque que era temido por todos na rua - seu nome era TITO. Eu o conheci de uma forma casual e se tornou um amigo da época. Eu gostava de lavar a garagem de onde eu morava porque era de cimento bem lisinho, nós enchiamos de água e sabão em pó e fazíamos uma pista escorregadia, tomávamos distância, corríamos e escorregávamos de barriga, de costas, até em pé mostrando equilíbrio e destreza. Numa destas lavadas, passava o temido TITO que viu a brincadeira, gostou da idéia e pediu para escorregar também, aprovei instantâneamente, era uma oportunidade única de fazer amizade com ele antes que ele pudesse ter algum ponto de vista comigo. TITO, sem pensar duas vezes, não deixou nem que eu lhe desse algumas instruções e avisos importantes, e como diria Arnaldo Cézar Coelho, utilizou uma força desproporcional, e se lançou de peito aberto ao campo desconhecido, não deu outra, rachou o côco na parede dos fundos da garagem.
Aparentemente uma estória lúdica de infância, mas para mim foi uma lição que aprendi:
" sempre que você estiver fora dos seus domínios, em terreno estranho, seja humilde o bastante para aprender com quem conhece sobre as peculiaridades e particularidades de onde está prestes a pisar desta forma você tem menos possibilidades de rachar o côco."

OFF.: Não poderia terminar este post sem lembrar de outra cena marcante para mim, só que desta vez com o pai do TITO que infelizmente era alcoólatra, eu presenciei ele cair da escada da casa dele que deveria ter uma 15 degraus com uma garrafa de pinga na mão e um copo cheio de pinga na outra, o homem rolou escada abaixo, rolou, rolou, rolou, chegando ao seu final, assim que oarou de rolar e se estatelou no chão, ele se levantou, tirou a poeira do paletó, conferiu a garrafa que estava intacta em suas mãos e ainda deu um gole no que restou de cachaça em seu copo, com certeza pelo tamanho da golada, sobrou muito mais de meio copo. Para mim aquilo foi um desafio às leis da gravidade....

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